sábado, 10 de abril de 2010

O Rei dos Corvos

  
  
Ao fundo de uma sala, à luz do dia,
Jaz entediado o rei dos corvos.
Causam-lhe sofrimento os raios solares
Como se pertencesse a outros ares
De criptas empoeiradas e homens mortos,
E não em tal maçante monotonia.

Sente-se só, e com razão assim sentia
Estando cheia a sala de homens tolos,
Inúteis, imprestáveis e outros trastes,
Abominações de todas as classes,
Que entretiam o Rei dos Corvos
Neles observando a fria vida.

Percebeu que ele talvez seria
O mais humano dentre os tolos,
O mais vivo dentre os seres.

E assim sendo, viveria
Sendo o mais humano dos corvos,
E o mais vivo dos cadáveres.  

   

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